Boletín EURES-T I nº 14 - 2014 - page 7

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especial portugal
BOLETÍNEURES-TNORTEPORTUGAL-GALICIANº 14/2014
tou que este se tornasse objetode estu-
do e análise recorrente, emergindo as-
sim diversos trabalhos que avaliam o
nível de desenvolvimentodo fenómeno
do empreendedorismo, acompanham
a sua evolução e procuram identificar
os principais obstáculos ao seu cres-
cimento. Neste âmbito destacam-se os
resultados do Eurobarómetro do em-
preendedorismo na União Europeia
de 2012, desenvolvido por solicita-
ção da Direção Geral da Empresa e
Indústria.
Com efeito, o Eurobarómetro do Em-
preendedorismo (2012) revela que
cerca de metade dos inquiridos em
Portugal (49%), se pudesse escolher,
decidiria trabalhar por conta própria,
situando-se este resultado acima da
média europeia (37%). Paralelamen-
te, em Portugal, (47%) dos inquiridos
afirmaque optariapor ser trabalhador
por conta de outrem, resultado este in-
ferior ao alcançado para o contexto
europeu (58%).
Estes dados evidenciam uma mudan-
ça significativa, em Portugal, quanto
à questão em apreço, comparativa-
mente com os resultados do inquérito
anterior realizado em 2009. Assim,
regista-se um acréscimo considerável
do n.º inquiridos que demonstram pre-
ferência pelo emprego por conta de
outrém (+ 8 pontos) e um declínio dos
que afirmam que prefeririam uma si-
tuação de auto-emprego (-2 pontos).
Esta tendência é similar no contexto
europeu, onde também os indivíduos
tendem a preferir trabalhar por conta
de outrem (+9 pontos) e cada vezme-
nos demonstram preferência pelo auto
-emprego (-8 pontos).
Perante a questão ”Independentemen-
te da vontade de criar ou não o seu
próprio emprego, considera viável tor-
nar-se trabalhador por conta própria,
nos próximos cinco anos?”, menos de
um terço dos inquiridos em Portugal
(32%), entende que esta possibilidade
é viável. Este resultado está alinhado
com a média europeia, uma vez que
tendopor base esse universo, cercade
30% dos inquiridos acredita que seria
viável criarem o seu próprio emprego.
Em contrapartida, a percentagem de
inquiridos que afirma que o auto em-
prego não é viável, é de 66% para os
inquiridos com origem em Portugal e
de 67%, no cenário europeu estuda-
do, verificando-se mais uma vez uma
convergência de resultados, entre o
caso português e o contextomacro da
EU. Porém, procedendo a uma análise
comparativa da tendência evolutiva
das respostas obtidas a esta questão,
com o ano anterior de auscultação
(2009), verifica-se que os resultados
obtidos para Portugal, traduzem um
aumento considerável do n.º de por-
tugueses que considera o emprego
por conta própria uma opção viável,
enquanto que a nível europeu, os nú-
meros mantiveram-se praticamente
inalterados.
O Eurobarómetro procurou também
compreender junto dos inquiridos que
classificaram como inviável a alterna-
tiva de criação do próprio emprego,
nos próximos cinco anos, quais as
razões que fundamentam essa apre-
ciação. A ausência de recursos finan-
ceiros é o principal motivo apontado,
seguido do atual contexto económico
desfavorável ao surgimento de start
ups. A estas duas principais razões,
juntam-se outras referidas pelos inqui-
ridos, embora com um grau de ex-
pressividade muito reduzido: a falta
de competências para ser empreende-
dor, a ausência de uma boa ideia de
negócio, a dificuldade de conciliar o
auto-emprego com compromissos fami-
liares, uma burocracia excessiva inibi-
dora ou ainda omedo do insucesso.
Atendendo a que faz parte do perfil
de competências do empreendedor a
capacidade de assumir riscos, o Euro-
barómetro avaliou também junto dos
inquiridos quais os principais riscos
que mais os preocupariam caso vies-
sem a constituir um negócio por conta
própria. A maioria dos respondentes
(51%) afirmou que o risco mais preo-
cupante é a possibilidade de ocorrên-
cia da bancarrota. Em segundo lugar,
cerca de um terço dos respondentes
(35%) identifica o risco de perda dos
bens e sobretudo da casa, como sen-
do a preocupação central a ter em
conta, perante a decisão de avançar
com um negócio. O terceiro factor de
risco mais referenciado é a incerteza
da remuneração subjacente ao tra-
balho por conta própria, tendo sido
mencionado como um dos riscos prin-
cipais, por 35% dos portugueses.
No que toca ao histórico e aspiração
de atividade empreendedora apresen-
tado pelos participantes no Eurobaró-
metro 2012, verifica-se que cerca de
um quarto (23%) dos respondentes
afectos a Portugal, já iniciaram um
negócio ou pretendem vir a fazê-lo.
Pelo contrário, 77% nunca encetaram
qualquer iniciativa deste tipo. No con-
texto europeu, obtiveram-se iguais re-
sultados.
A ausência de formação específica na
área do empreendedorismo é uma ca-
racterística registada para um número
significativo de inquiridos, transversal
ao caso português e ao domínio eu-
ropeu. Aproximadamente um quarto
dos inquiridos, em ambos os contex-
tos, afirma nunca ter participado, em
contexto escolar ou universitário, em
atividades sobre empreendedorismo
que os capacitassempara “passar das
ideias à ação”, ou seja, que servissem
de apoio à implementação dos pró-
prios projetos.
Em conclusão, tem sido evidente a cor-
relação entre a diminuição da ativida-
de de criação de novos negócios e a
conjuntura depressiva provocada pela
crise económico-financeira internacio-
nal. No entanto, é expectável que no
âmbito das novas medidas de apoio
que se avizinham, decorrentes das
orientaçãodaEuropa2020 e Portugal
2020, irão continuar a ser apoiados
projetos de empreendedorismo e ino-
vação necessários para a recupera-
ção e o desenvolvimento da economia
nacional e internacional, que passam
fortemente pelo surgimento de em-
preendedores, capazes de identificar
e aproveitar oportunidades, investir e
gerar riqueza e emprego.
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